ESTRUTURA SOCIAL = é determinada pelo modo como se organizam os
aspectos econômico, cultural, social, político e histórico de uma sociedade.
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL = diz respeito ao modo como a sociedade está
dividida. É a divisão da sociedade em camadas sociais que se superpõem.
MOBILIDADE SOCIAL = é determinada pela possibilidade de um indivíduo
mudar de posição na hierarquia social (é a forma como os indivíduos se
movimentam dentro da sociedade).
FORMAS DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
A estratificação e as
desigualdades produzidas por ela não são naturais. Ao contrário, elas são
geradas histórica e socialmente, emergindo de uma diversidade de situações e
influenciam diretamente as ações e as relações estabelecidas na vida em
sociedade.
Existem diferentes tipos de
estratificação social que estão em conformidade com a sociedade estudada em
cada época. Estudaremos as mais comuns: as
castas, os estamentos e as classes.
CASTAS: UM SISTEMA DE ESTRATIFICAÇÃO MUITO ANTIGO
Até poucas décadas, o sistema
de castas governou a vida de milhões de pessoas na Índia. Apesar de ter
existido também noutros lugares do mundo, em nenhum esse sistema foi tão
fortemente consolidado como na Índia.
Em geral, as castas constituem
comunidades fechadas e de compartilhamento de características sociais
hereditárias, apesar de não serem delimitadas territorialmente. A hereditariedade
é a base para divisão da sociedade, sem qualquer possibilidade de ascensão
social, o que significa dizer que o sistema de castas é estanque (sem
mobilidade social): aqueles que pertencem às castas inferiores não podem manter
contatos sociais com os grupos superiores.
O sistema de castas (e
subcastas) indiano existiu oficialmente durante milhares de anos, erguendo-se a
partir de uma hierarquização baseada em religião, etnia, cor, hereditariedade e
ocupação. Em um primeiro momento, existiam somente quatro tipos de castas: os brâmanes (sacerdotes), os xátrias (guerreiros, militares), os vaixás (fazendeiros, artesãos e
comerciantes), e a casta mais baixa, a dos
sudras (servem as castas superiores. Fazem trabalhos manuais). Os indivíduos
que não pertenciam a nenhuma dessas castas eram denominados de dalit ou párias (intocáveis) e formavam um grupo de excluídos, cuja incumbência
era realizar trabalhos realizados deploráveis. Hoje existem cerca de 3 mil
castas e subcastas na Índia, embora o sistema tenha sido legalmente abolido com
a Constituição de 1949, que estabelece igualdade de todo cidadão indiano
perante a lei, as castas ainda prevalecem por força da cultura. O hinduísmo (religião
da maioria dos indianos) dá suporte para esse tipo de organização social, ao
associar sua atual condição social ao seu comportamento na vida passada.
ESTAMENTOS: ESTRATIFICAÇÃO DE UM MUNDO EM TRANSIÇÃO
Durante cerca de dez séculos, a
Europa ocidental viveu o período denominado Idade Média. Essencialmente fundamentado
na vida rural, esse tempo caracterizou-se pela intensa presença da religião
católica, que emoldurava as estruturas mentais e ditava as normas de conduta e
de convivência para as populações.
A Igreja Católica fundamentava
a divisão social em ordem de importância perante Deus. Esta se compunha, em
geral, de três partes: nobreza, clero e
terceiro estado. Cada um desses estamentos era caracterizado por um
conjunto de direitos e deveres tidos como naturais, determinados por Deus, e
sustentados legalmente. Dizemos que são partes interconectadas, pois, para
entender as “determinações divinas”, é indispensável compreender o modo pelo
qual conceitos como tradição, linhagem, vassalagem, e honra predominavam no
pensamento e ação das pessoas.
Uma característica importante é
que, assim como nas castas, a garantia do sistema se dá pela evocação da
vontade de Deus; portanto, só restava aos indivíduos aceita-la.
Apesar das semelhanças com o
sistema de castas, o que os diferencia é o caráter transitório do sistema estamental.
De fato, o sistema estamental é mais aberto que o de castas: dificulta, mas não
impossibilita a mobilidade social.
CLASSES E DESIGUALDADES SOCIAIS
As classes sociais podem ser
entendidas como agrupamentos de pessoas que surgem da estrutura de desigualdades
sociais, mas que têm como base a desigualdade formal entre os indivíduos. Ou seja,
é a partir das desigualdades criadas socialmente, em que todos são formalmente
iguais perante a lei, que surgem as classes. Do ponto de vista histórico, só se
pode falar de classes sociais depois das revoluções burguesas do século XIX.
Uma característica do sistema
de classes é a mobilidade social. De modo geral, existem dois tipos de
mobilidade social: quando a mudança de posição ocorre no sentido de subir ou
descer na hierarquia, há mobilidade
vertical; quando se opera dentro da mesma camada, há mobilidade horizontal.
Pode-se afirmar que existem
duas grandes maneiras, com suas variações de pensar a questão das classes:
considerando a posição dos indivíduos e grupos no processo de produção ou
considerando a capacidade de consumo como fator de classificação. No primeiro
caso, pode-se ter uma hierarquização dos grupos como a seguinte: classes dos proprietários
de terras, burguesa (industrial, financeira), pequeno-burguesa ou média,
trabalhadora ou operária. No segundo, tem-se: classes altas, média e baixa ou,
então variações como classe A, B, C, D e E. Fica evidente que as sociedades
modernas caracterizam-se, em grau variável, pelas desigualdades:
·
na apropriação da riqueza gerada pela sociedade,
expressa normalmente pela propriedade e pela renda, mas que aparece também no
consumo de bens;
·
na participação nas decisões políticas, manifestando-se
pelo maior ou menor poder que indivíduos e grupos têm de decidir, ou forçar
decisões a seu favor, e de deter o poder econômico na sociedade;
·
na apropriação dos bens simbólicos, que se
expressa no acesso à educação e aos bens culturais, como museus, teatros, livros,
etc.
A sociologia costuma utilizar
as abordagens de Karl Marx e Max Weber para estudar as classes sociais.
Para Karl Marx existem duas
classes sociais, burguesia e proletariado, que são definidas e
identificadas pelo papel que o indivíduo ocupa nas relações de produção, se são
proprietários ou não dos meios de produção. Ou seja, para Marx, a divisão da
sociedade em classes é econômica.
Max Weber utiliza três dimensões
para definir a estratificação:
·
econômica
– quantidade de riqueza que as pessoas possuem;
·
política –
quantidade de poder que as pessoas ou grupos detêm nas relações de dominação;
·
social –
status ou prestígio que as pessoas ou grupos têm, seja pela profissão, seja
pelo estilo de vida.
Para Weber estrutura social não
se organiza apenas no nível econômico, mas também em termos de poder e
prestígio.
Para ele, classe é todo o grupo
humano que se encontra em igual situação de classe, isto é, os membros de uma
classe têm as mesmas oportunidades de acesso a bens, a posição social e a um
destino comum. Essas oportunidades são derivadas, de acordo com determinada
ordem econômica, das possibilidades de dispor de bens e serviços.
POBREZA E DESIGUALDADE
A pobreza é a expressão mais
visível da desigualdade em nosso cotidiano. Ao longo da história, ela recebeu
diferentes explicações, muitas ainda permeiam nosso entendimento das
desigualdades.
Na Idade Média o pobre era
visto como um personagem complementar ao rico. Não eram critérios econômicos ou
sociais que definiam a pobreza, mas a condição de nascença. Havia uma visão
positiva da pobreza, pois despertava a caridade e a compaixão. Os ricos eram
considerados “pobres em virtude” e os pobres “ricos em espiritualidade”, por
isso os ricos tinham a obrigação moral de ajudar os pobres.
No mesmo período outra
explicação atribuía a pobreza a desgraça decorrente das guerras ou adversidades
como doenças ou deformidades físicas.
A partir do século XVI, quando
se iniciou uma nova ordem, na qual o indivíduo se tornou o centro das atenções,
o pobre passava a encarnar uma ambiguidade: representava ao mesmo tempo a
pobreza de Cristo e, era um perigo para a sociedade. Sendo uma ameaça, a
solução era disciplina e enquadramento. O Estado “herdou” a função de cuidar
dos pobres, antes atribuída aos ricos.
Com o crescimento da produção e
do comércio, houve a necessidade crescente de mão de obra, e a pobreza passou a
ser interpretada como resultado da preguiça e da indolência dos indivíduos que
não queriam trabalhar.
No final do século XVIII, com o
fortalecimento do liberalismo, outra justificativa foi formulada: as pessoas
eram responsáveis pelo próprio destino e ninguém era obrigado a dar trabalho ou
assistência aos mais pobres. Ao contrário, dizia-se que era necessário manter o
medo da fome para que os trabalhadores realizassem bem suas tarefas.
Em meados do século XIX,
difundiu-se a ideia de que os trabalhadores eram perigosos por duas razões:
eles podiam transmitir doenças, além de se rebelar, fazer movimentos sociais e
revoluções, questionando os privilégios das outras classes.
(Texto retirado dos livros: Sociologia em movimento e Sociologia para o ensino médio)