terça-feira, 25 de novembro de 2014
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
MOVIMENTOS SOCIAIS
O
QUE É?
O conceito de movimento social se refere
a ação coletiva de um grupo organizado que tem como objetivo alcançar mudanças
sociais por meio do embate político, dentro de uma determinada sociedade e de
um contexto específico. Fazem parte dos movimentos sociais, os movimentos
populares (ex: MST, Movimento Negro, LGBT...), sindicais e as organizações não
governamentais (ONGs).
NO
BRASIL
Os movimentos sociais brasileiros
ganharam mais importância a partir da década de 1960, quando surgiram os
primeiros movimentos de luta contra a política vigente, ou seja, a população
insatisfeita com as transformações ocorridas tanto no
campo econômico e social. Mas, antes, na década de 1950, os
movimentos nos espaços rural e urbano adquiriram visibilidade.
CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS
SOCIAIS
1) Movimentos reivindicatórios; são
movimentos presos a reivindicações imediatas, esforçam-se em pressionar
instituições para alterar dispositivos que teoricamente lhes favoreciam. Têm um
horizonte sem dúvida limitado, considerando que seus fins são relativamente
simples e não vão além de demandas pontuais especificas. Ex. “Estou no
vermelho” movimento de greve dos professores da Uel por melhorias
salariais.
2)
Movimentos políticos; tenta influenciar os meios utilizados para se atingir os
caminhos condutores a participação política direta. Também se esforçam, no
decorrer do processo para mudar a correlação de forças, influindo nos grandes
debates travados com outros grupos adversários. Ex: Movimento das Diretas Já!
1984.
3)
Movimentos de classe; seu intuito seria o de subverter a ordem social de um
período determinado e, consequentemente, transformar as relações entre os
diferentes atores do contexto nacional, assim como os meios de produção,
fazendo avançar as exigências da classe em ascensão, em superação histórica e
na sua pressão para se posicionar como elemento hegemônico no processo
econômico e político do país. Ex. MST (movimento dos trabalhadores rurais
sem-terra).
ELEMENTOS
CONSTITUTIVOS
O projeto significa a proposta de um movimento, que pode ser, como vimos, de mudança ou de conservação das relações sociais, assim, todo movimento social contém um projeto, e quando nos perguntamos qual o projeto de um movimento, estamos pensando em seus objetivos, em suas metas, enfim, no que o movimento pretende.
A
ideologia
A ideologia corresponde
às ideias que os homens fazem da sociedade em que vivem. Quando elas expressam
“corretamente” as relações existentes, mostrando os interesses que animam as
relações, podemos dizer que a ideologia se constitui num instrumento de luta
dos grupos sociais. Se, ao contrário disso, as ideias não correspondem à
realidade das relações de opressão existentes, poderemos dizer que se trata de
uma “falsa consciência”. Nesse sentido, a ideologia atuaria como uma forma de
massacramento das reais condições de opressão, atendendo, por conseguinte, aos
interesses dos grupos dominantes.
É a ideologia que fundamenta os projetos
e as práticas dos movimentos e define o sentido de suas lutas. A própria forma
de organização e direção de um movimento revela seu caráter ideológico.
A
organização
Os movimentos sociais possuem uma
organização hierárquica que pode ser descentralizada ou comum a estrutura
definida com líderes e demais participantes do movimento. A forma de
organização de um movimento social tem consequências importantes com relação a
sua dinâmica interna e externa. Internamente, observa-se que uma organização
sem a devida hierarquia entre liderança e base pode favorecer um certo
espontaneísmo das ações, o que levaria a falta de controle do movimento,
resultando em seu próprio prejuízo. Por outro lado, uma organização fundada num
corpo de líderes afastados da base pode ser conduzida a práticas autoritárias e
elitistas, com os demais participantes desempenhado o papel de “massa de
manobra”.
TRABALHO DE SOCIOLOGIA
Blumenau,
de novembro de 2014.
Alunos:
Turma: 3.2
TRABALHO DE
SOCIOLOGIA
1. Por que a sociologia é conhecida como ciência da crise?
2. O que significa, na concepção comtiana, ordem e progresso?
3. Como Karl Marx analisou a Revolução Francesa? De que forma
ele avaliava as transformações sociais?
4. Durkheim analisou as transformações sociais a partir da
solidariedade. Explique as diferenças entre solidariedade mecânica e
solidariedade orgânica.
5. Explique a visão de Max Weber sobre a mudança social.
6. Usamos o termo Revolução para nos referir a que?
7. Cite as grandes revoluções do século XX e explique a
diferença entre estas e as Revoluções Clássicas.
8. O que significa o termo “modernização conservadora”?
9. Que mudanças importantes aconteceram no Brasil devido as
duas “revoluções” ocorridas aqui no século XX?
quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Carta aos estudantes
Caríssimos
estudantes!
Estive
refletindo sobre minha prática docente e nossa relação de professor e aluno, em
como nossa escola está organizada e percebi que não estou atingindo meus
objetivos com vocês. Questionei-me do por que e a resposta que obtive foi o
distanciamento que existe entre nossas realidades e expectativas, percebi que
não conheço vocês e não sei quais são suas expectativas, escolares e de vida.
Compreendi que não é possível atingir um objetivo pedagógico sem dialogar com
vocês, sem saber o que vocês esperam da escola e de minhas aulas. Assim,
gostaria que respondessem algumas questões para que eu possa melhorar minhas
aulas e juntos possamos construir projetos e realizar sonhos.
Quem
é você e o que você pensa do amanhã?
Quais
são suas expectativas de vida?
O
que você está fazendo hoje para alcançar essas expectativas?
Por
que você vem à escola?
Se
você pudesse trocar de lugar comigo e ser o professor, como daria as aulas no
meu lugar?
domingo, 21 de setembro de 2014
ESTADO SOVIÉTICO E ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL
ESTADO SOVIÉTICO
ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL
Surgiu com a Revolução Russa,
em 1917. Foi a primeira experiência socialista, se opondo ao Estado liberal, ao
questionar as bases materiais da sociedade, ou seja, a divisão em duas classes
sociais principais: a burguesia e o proletariado. A proposta socialista defendia
uma profunda transformação nas condições de produção e apropriação da riqueza
produzida pela sociedade.
Inspirados nas teorias de Karl
Marx e Fredrich Engels, os revolucionários bolcheviques conseguiram derrubar o
regime czarista durante a Primeira Guerra Mundial, que agravava os problemas
sociais decorrentes da industrialização recente do país. O lema dos sovietes
russos (comitês populares formados por soldados, camponeses e operários) era “pão, terra e liberdade”.
A Revolução Russa visava
superar o capitalismo, abolir a propriedade privada e socializar os meios de
produção. O Estado teria o papel histórico pontual e transitório, que
consistiria e estruturar a sociedade e permitir a livre organização do povo.
Porém, com a morte de Lênin (o grande líder da revolução) e a ascensão de
Stalin, em 1924, foi criado um Estado centralizado e uma economia planificada,
cujas diretrizes eram impostas pelo Partido Comunista.
O regime ditatorial implantado
por Stalin foi exportado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas –
URSS (nome adotado pela Rússia e nações anexadas após a consolidação do
socialismo, em 1922) particularmente após a Segunda Guerra Mundial.
No final do século XX
acentuou-se o processo de decadência política e econômica da URSS. Limitado
pela aliança entre a burocracia e a elite militar, pela falta de liberdades
democráticas e também sufocado pela força econômica dos países capitalistas, o
país implodiu. No entanto, o referencial teórico-crítico e valorativo do socialismo
ainda é um contraponto ao estado liberal.
ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL
O Estado de bem-estar social
foi o modelo adotado pelas grandes economias liberais na primeira metade do
século XX. A crise econômica de 1929, o desemprego, a inflação, o crescimento
do movimento operário, a emergência dos regimes antiliberais e a competição
entre as grandes corporações monopolistas são alguns dos fatores que
contribuíram para a sua emergência.
A base intelectual dessa forma
de Estado é a obra Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, publicada por
John Maynard Keynes em 1936. Keynes afirmava que o Estado deveria intervir no
domínio econômico para garantir o pleno emprego, estimular a produção e o
consumo (criando um círculo virtuoso), mediar as relações de trabalho e ampliar
a política de assistência.
O Estado de bem-estar social
desenvolveu uma política intervencionista, voltada para atender aos direitos
sociais básicos, como saúde, educação, trabalho, salário, transporte,
previdência social.
O Estado de bem-estar social
representou uma resposta das economias capitalistas para criar uma sociedade
menos vulnerável às crises do sistema capitalista e aos apelos do socialismo,
que cresciam em todo o mundo a partir da Segunda Guerra Mundial. Seus
defensores afirmavam que um Estado que atendesse às reivindicações por direitos
e cidadania da classe trabalhadora produziria para a elite econômica
funcionários mais dispostos e empenhados.
No final da década de 1960,
esse modelo de Estado começou a sofrer críticas diante da inadequação dos
gastos públicos com a previdência, causados pelo aumento do desemprego e pela
recessão econômica mundial, que culminou com a crise do petróleo em 1973.
Apesar das críticas, permanece como modelo de Estado em alguns países da Europa
ocidental, em especial na Dinamarca, Noruega e Suécia.
ESTRUTURA, ESTRATIFICAÇÃO E MOBILIDADE SOCIAL
ESTRUTURA SOCIAL = é determinada pelo modo como se organizam os
aspectos econômico, cultural, social, político e histórico de uma sociedade.
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL = diz respeito ao modo como a sociedade está
dividida. É a divisão da sociedade em camadas sociais que se superpõem.
MOBILIDADE SOCIAL = é determinada pela possibilidade de um indivíduo
mudar de posição na hierarquia social (é a forma como os indivíduos se
movimentam dentro da sociedade).
FORMAS DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
FORMAS DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
A estratificação e as
desigualdades produzidas por ela não são naturais. Ao contrário, elas são
geradas histórica e socialmente, emergindo de uma diversidade de situações e
influenciam diretamente as ações e as relações estabelecidas na vida em
sociedade.
Existem diferentes tipos de
estratificação social que estão em conformidade com a sociedade estudada em
cada época. Estudaremos as mais comuns: as
castas, os estamentos e as classes.
CASTAS: UM SISTEMA DE ESTRATIFICAÇÃO MUITO ANTIGO
Até poucas décadas, o sistema
de castas governou a vida de milhões de pessoas na Índia. Apesar de ter
existido também noutros lugares do mundo, em nenhum esse sistema foi tão
fortemente consolidado como na Índia.
Em geral, as castas constituem
comunidades fechadas e de compartilhamento de características sociais
hereditárias, apesar de não serem delimitadas territorialmente. A hereditariedade
é a base para divisão da sociedade, sem qualquer possibilidade de ascensão
social, o que significa dizer que o sistema de castas é estanque (sem
mobilidade social): aqueles que pertencem às castas inferiores não podem manter
contatos sociais com os grupos superiores.
O sistema de castas (e
subcastas) indiano existiu oficialmente durante milhares de anos, erguendo-se a
partir de uma hierarquização baseada em religião, etnia, cor, hereditariedade e
ocupação. Em um primeiro momento, existiam somente quatro tipos de castas: os brâmanes (sacerdotes), os xátrias (guerreiros, militares), os vaixás (fazendeiros, artesãos e
comerciantes), e a casta mais baixa, a dos
sudras (servem as castas superiores. Fazem trabalhos manuais). Os indivíduos
que não pertenciam a nenhuma dessas castas eram denominados de dalit ou párias (intocáveis) e formavam um grupo de excluídos, cuja incumbência
era realizar trabalhos realizados deploráveis. Hoje existem cerca de 3 mil
castas e subcastas na Índia, embora o sistema tenha sido legalmente abolido com
a Constituição de 1949, que estabelece igualdade de todo cidadão indiano
perante a lei, as castas ainda prevalecem por força da cultura. O hinduísmo (religião
da maioria dos indianos) dá suporte para esse tipo de organização social, ao
associar sua atual condição social ao seu comportamento na vida passada.
ESTAMENTOS: ESTRATIFICAÇÃO DE UM MUNDO EM TRANSIÇÃO
Durante cerca de dez séculos, a
Europa ocidental viveu o período denominado Idade Média. Essencialmente fundamentado
na vida rural, esse tempo caracterizou-se pela intensa presença da religião
católica, que emoldurava as estruturas mentais e ditava as normas de conduta e
de convivência para as populações.
A Igreja Católica fundamentava
a divisão social em ordem de importância perante Deus. Esta se compunha, em
geral, de três partes: nobreza, clero e
terceiro estado. Cada um desses estamentos era caracterizado por um
conjunto de direitos e deveres tidos como naturais, determinados por Deus, e
sustentados legalmente. Dizemos que são partes interconectadas, pois, para
entender as “determinações divinas”, é indispensável compreender o modo pelo
qual conceitos como tradição, linhagem, vassalagem, e honra predominavam no
pensamento e ação das pessoas.
Uma característica importante é
que, assim como nas castas, a garantia do sistema se dá pela evocação da
vontade de Deus; portanto, só restava aos indivíduos aceita-la.
Apesar das semelhanças com o
sistema de castas, o que os diferencia é o caráter transitório do sistema estamental.
De fato, o sistema estamental é mais aberto que o de castas: dificulta, mas não
impossibilita a mobilidade social.
CLASSES E DESIGUALDADES SOCIAIS
As classes sociais podem ser
entendidas como agrupamentos de pessoas que surgem da estrutura de desigualdades
sociais, mas que têm como base a desigualdade formal entre os indivíduos. Ou seja,
é a partir das desigualdades criadas socialmente, em que todos são formalmente
iguais perante a lei, que surgem as classes. Do ponto de vista histórico, só se
pode falar de classes sociais depois das revoluções burguesas do século XIX.
Uma característica do sistema
de classes é a mobilidade social. De modo geral, existem dois tipos de
mobilidade social: quando a mudança de posição ocorre no sentido de subir ou
descer na hierarquia, há mobilidade
vertical; quando se opera dentro da mesma camada, há mobilidade horizontal.
Pode-se afirmar que existem
duas grandes maneiras, com suas variações de pensar a questão das classes:
considerando a posição dos indivíduos e grupos no processo de produção ou
considerando a capacidade de consumo como fator de classificação. No primeiro
caso, pode-se ter uma hierarquização dos grupos como a seguinte: classes dos proprietários
de terras, burguesa (industrial, financeira), pequeno-burguesa ou média,
trabalhadora ou operária. No segundo, tem-se: classes altas, média e baixa ou,
então variações como classe A, B, C, D e E. Fica evidente que as sociedades
modernas caracterizam-se, em grau variável, pelas desigualdades:
·
na apropriação da riqueza gerada pela sociedade,
expressa normalmente pela propriedade e pela renda, mas que aparece também no
consumo de bens;
·
na participação nas decisões políticas, manifestando-se
pelo maior ou menor poder que indivíduos e grupos têm de decidir, ou forçar
decisões a seu favor, e de deter o poder econômico na sociedade;
·
na apropriação dos bens simbólicos, que se
expressa no acesso à educação e aos bens culturais, como museus, teatros, livros,
etc.
A sociologia costuma utilizar
as abordagens de Karl Marx e Max Weber para estudar as classes sociais.
Para Karl Marx existem duas
classes sociais, burguesia e proletariado, que são definidas e
identificadas pelo papel que o indivíduo ocupa nas relações de produção, se são
proprietários ou não dos meios de produção. Ou seja, para Marx, a divisão da
sociedade em classes é econômica.
Max Weber utiliza três dimensões
para definir a estratificação:
·
econômica
– quantidade de riqueza que as pessoas possuem;
·
política –
quantidade de poder que as pessoas ou grupos detêm nas relações de dominação;
·
social –
status ou prestígio que as pessoas ou grupos têm, seja pela profissão, seja
pelo estilo de vida.
Para Weber estrutura social não
se organiza apenas no nível econômico, mas também em termos de poder e
prestígio.
Para ele, classe é todo o grupo
humano que se encontra em igual situação de classe, isto é, os membros de uma
classe têm as mesmas oportunidades de acesso a bens, a posição social e a um
destino comum. Essas oportunidades são derivadas, de acordo com determinada
ordem econômica, das possibilidades de dispor de bens e serviços.
POBREZA E DESIGUALDADE
A pobreza é a expressão mais
visível da desigualdade em nosso cotidiano. Ao longo da história, ela recebeu
diferentes explicações, muitas ainda permeiam nosso entendimento das
desigualdades.
Na Idade Média o pobre era
visto como um personagem complementar ao rico. Não eram critérios econômicos ou
sociais que definiam a pobreza, mas a condição de nascença. Havia uma visão
positiva da pobreza, pois despertava a caridade e a compaixão. Os ricos eram
considerados “pobres em virtude” e os pobres “ricos em espiritualidade”, por
isso os ricos tinham a obrigação moral de ajudar os pobres.
No mesmo período outra
explicação atribuía a pobreza a desgraça decorrente das guerras ou adversidades
como doenças ou deformidades físicas.
A partir do século XVI, quando
se iniciou uma nova ordem, na qual o indivíduo se tornou o centro das atenções,
o pobre passava a encarnar uma ambiguidade: representava ao mesmo tempo a
pobreza de Cristo e, era um perigo para a sociedade. Sendo uma ameaça, a
solução era disciplina e enquadramento. O Estado “herdou” a função de cuidar
dos pobres, antes atribuída aos ricos.
Com o crescimento da produção e
do comércio, houve a necessidade crescente de mão de obra, e a pobreza passou a
ser interpretada como resultado da preguiça e da indolência dos indivíduos que
não queriam trabalhar.
No final do século XVIII, com o
fortalecimento do liberalismo, outra justificativa foi formulada: as pessoas
eram responsáveis pelo próprio destino e ninguém era obrigado a dar trabalho ou
assistência aos mais pobres. Ao contrário, dizia-se que era necessário manter o
medo da fome para que os trabalhadores realizassem bem suas tarefas.
Em meados do século XIX,
difundiu-se a ideia de que os trabalhadores eram perigosos por duas razões:
eles podiam transmitir doenças, além de se rebelar, fazer movimentos sociais e
revoluções, questionando os privilégios das outras classes.
(Texto retirado dos livros: Sociologia em movimento e Sociologia para o ensino médio)
sábado, 20 de setembro de 2014
FORMAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO
Para analisar sociologicamente a formação do Estado brasileiro, é importante destacar algumas características que marcaram a vida das instituições políticas no Brasil. Entre
essas características, podemos citar o patrimonialismo que se apresenta ao longo de nossa história pela indistinção entre esfera pública e
privada, o coronelismo, o clientelismo e a atuação política da mídia, atuando como “o quarto poder”.
*Patrimonialismo: Modelo tradicional de dominação, cujas bases estão na manutenção dos vínculos entre esfera pública e privada, viabilizando a manutenção de privilégios das elites em ambas as esferas.
PERÍODO COLONIAL (1500-1822)
*Patrimonialismo: Modelo tradicional de dominação, cujas bases estão na manutenção dos vínculos entre esfera pública e privada, viabilizando a manutenção de privilégios das elites em ambas as esferas.
PERÍODO COLONIAL (1500-1822)
Quando falamos em formação do
Estado não podemos esquecer que no Brasil esse processo ocorreu em meio à
expansão marítima das potências europeias. Nesse sentido, o Brasil ter se
inserido no sistema internacional como colônia de exploração é um fator
explicativo importante para se começar o estudo. O período colonial brasileiro
foi marcado pela exploração. Portugal não tinha interesse em construir no
Brasil uma sociedade política organizada. Segundo o sociólogo Oliveira Vianna,
o Brasil era formado por vários núcleos privados, independentes, e cada um tinha
sua própria vida econômica, jurídica e moral. Sendo uma sociedade
particularista e facciosa, o sentimento de coletivo atrofia-se em favorecimento
do privado. Desenvolve-se nesse núcleo privado um individualismo de natureza
anárquica, sem identificação com a ordem pública, que, nesse caso, apresenta-se
como algo puramente abstrato. Em seu ensaio “Populações meridionais do Brasil,
chama atenção para esse cenário, presente desde a formação do Brasil e que
impossibilita a constituição de uma sociedade nos moldes modernos. Para o
autor, somente um Estado forte e centralizado seria capaz de criar um
sentimento de pertencimento público e encerrar os vínculos privados.
O historiador Sérgio Buarque de
Holanda também se preocupou em entender a formação da sociedade e do Estado
brasileiro; no seu livro “Raízes do Brasil” explica que um dos traços do
brasileiro era a propensão em sobrepor as relações familiares e pessoais às
profissionais ou públicas. Ele tenderia a rejeitar a impessoalidade de sistemas
administrativos em que o público é mais importante do que o indivíduo. O autor
enfatiza uma característica do modo de ser do brasileiro: a dificuldade de
cumprir os ritos sociais que são rigidamente formais e não pessoais e de
separar, a partir de uma racionalização desses espaços, o público e o privado.
PERÍODO IMPERIAL (1822-1889)
PERÍODO IMPERIAL (1822-1889)
O período colonial finda em
1822, com a proclamação da independência. Ocorre então uma transposição da
estrutura do Estado português para o Brasil, reforçando o tipo de relação
existente entre Estado e sociedade civil, onde, teoricamente, predominava a
autonomia do primeiro em detrimento do segundo. A primeira Constituição do
Estado brasileiro (1824) concedeu plenos poderes ao imperador. A carta também
instituiu uma série de direitos formais, inspirada nos princípios liberais que
sopravam da Europa para as Américas desde a independência dos Estados Unidos,
mas que não tinha influência na vida cotidiana, já que grande parte da
população estava excluída da cidadania recém-constituída; os escravos, por exemplo,
não eram nem citados na Constituição.
O movimento republicano
mobilizou setores progressistas da sociedade urbana no período final do
Império, que associavam à República de uma representação política efetiva de
todos os cidadãos, à garantia dos direitos individuais, à Federação e ao fim do
regime escravista. Mesmo assim, a República foi proclamada em 1889 por meio da
ação política das elites intelectuais oligárquicas das províncias da região
Sudeste e de setores das elites intelectuais e militares influenciadas pelo
Positivismo. Como a independência, a proclamação da República foi uma
transformação social construída de cima para baixo, um processo que excluiu as
camadas populares.
(Texto retirado do livro: Sociologia em Movimento)
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